Fernanda Oliveira

Fernanda Oliveira
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terça-feira, 26 de junho de 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Apocalipse

Sonhei esta noite com o Apocalipse. 
Era assim que todos denominavam aquele terror.
Muitas pessoas choravam com medo da morte. 
Muitas pessoas morriam. 
Muitas pessoas imploravam a piedade de Deus.
Inclusive eu.
E eu olhava para aquelas pessoas e imaginava "Poderiam ter pensado antes de errar".
Inclusive... eu!


O céu, como em todos os sonhos que sempre tive (exceto um), encontrava-se nublado, fechado, um ar pesado e misterioso, um mormaço cinzento, quase negro e que me causa fadiga e tristeza sempre que o vejo em meus sonhos noturnos de olhos fechados. Em todos os sonhos.
O apocalipse levou as pessoas que eu mais amava. Eu chorava muito, mas não tinha lágrimas. Eu tinha medo de morrer. Eu fugia da morte.
As águas do Araguaia, onde passei parte da infância, elevavam-se muito rápido e eu parecia ser a única cabeça pensante naquele momento de desespero em massa. Eu liderava uma legião de pessoas em apuros e que não sabiam o que fazer, que corriam de um lado para o outro, que gritavam, outras caíam em prantos no chão, já sem forças e se entregando à morte de vez. A minha única solução era sugerir que fôssemos para a fazenda de minha avó, a três km dali. Na vida real, é uma área muito úmida no norte do Tocantins e que nos períodos chuvosos - lembro bem - chegávamos a afundar no chão batido porque o lençol freático é muito próximo à superfície. Encontrávamos água no poço a menos de dois metros de profundidade. Hoje não passam de ruínas. No sonho pensei nisso também. Lembrei ainda que em 1983, segundo contam os antigos da região, houve uma cheia do Araguaia onde os ribeirinhos tiveram que sair de suas casas porque a água as invadiu. Mesmo a 3km de lá, a água chegou muito próxima à fazenda de meus avós e em alguns trechos chegava-se de canoa. Eu não estava lá. Talvez ainda na barriga de minha mãe. Neste sonho da última noite, também pensei nisso, como sempre penso em todas as possibilidades de uma situação estando de olhos abertos. Mas era a única solução plausível, então os levei para a fazenda. 
Sabe quando você quer que o sonho pare por não ser bom, mas quer ver o fim? Quando chega ao ápice e algo te tira dali? Parece um prenúncio. 


Foi isso.