Fernanda Oliveira

Fernanda Oliveira
ou Tia!

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O SISTEMA

12 de julho de 2013. Todos fora de casa, trabalhando, estudando...
18:45h, meu telefone toca. Era minha mãe:
- Fernanda, o Flávio te ligou? Parece que roubaram a casa.
Eu já estava a caminho de casa. Imediatamente, meu irmão me liga:
- Nanda, arrombaram a casa. Cadê seu computador?
- Deixei em casa.
- Então levaram. Levaram também minha filmadora. A casa está revirada. A porta da frente, arrombada, amassada.
Entrei em desespero, mas pude me conter.
- Flávio, não mexa em nada. Deixe tudo como está. Já chamou a polícia? Chame e registre ocorrência. Deixe a cena do crime como está, não toque em nada.
Quando cheguei em casa, pude constatar a realidade dos fatos. Triste. A PM chegou, olharam, mas não é deles o papel do registro do B.O., mas fizeram a gentileza de me conduzir até à DP. Registrei o boletim, voltei para casa e, desde então, o sono se tornou mais leve e a sensação de impotência, insegurança, raiva, um certo medo, desconfiança, passaram a fazer parte da minha rotina. Não consegui, até hoje recuperar o que foi levado, a propósito, o meu notebook, minha fonte de renda extra, de trabalhos da universidade e, claro, arquivos pessoais, íntimos e

26 de novembro de 2013.
19:14h. O celular toca:
- Nanda, seu computador está com você?
- Não.
-Entraram aqui em casa denovo. Levaram a TV.
Mais uma vez - agora aumentada -, a mesma sensação de impotência, raiva, culpa, medo e necessidade de um plano. Novamente na DP, mais um B.O., mas não vai passar disso. Não sei a quem devo culpar: se a mim, se ao sistema, se às políticas públicas...
Até quando?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Enfim...

Então.... É a isto que denominam  "realidade"?

Muito vasta,
Porém, muito ligeira!

Ontem,
acordei com seis anos de idade;
Hoje -
estranhamente - com 30.

O que houve?
Nem dormi tanto assim!

Tive muitos sonhos,
Enquanto isso...
Neles, aprendi centenas de coisas,
Conheci muitas pessoas,
Vivi diversas realidades,
Senti inúmeros tipos de dores,
Tive sensações estranhas,
Porém, gostosas de se sentir!

Aprendi o que meus pais não me ensinaram;
Aprendi coisas ruins,
Aprendi coisas boas,
E foi bom
Porque eu soube discernir, entre eles, qual caminho seguir.

Descobri o que significa, enfim, ter amor próprio;
Descobri que nunca é bom dar um passo maior do que se pode dar;
Descobri que existe o perdão;
Descobri que existe o ódio supremo;
Descobri que nem sempre as pessoas que estão no seu convívio, são aquelas que te darão a mão quando você estiver à beira do precipício;
Descobri, com isso, que ainda vale a pena acreditar no ser humano e não buscar a generalização dos fatos;
Descobri o que é ser traída;
Descobri, inclusive,  o que é trair;
Descobri o que é ser julgada;
Descobri, por outro lado, que sou capaz de julgar também;
Descobri que sou boa;
Descobri que nem sempre sou boa;

E  por fim, descobri que não sei nada e tudo o que penso ter descoberto, alguém veio antes de mim e provou o mesmo sabor!!

Era apenas o óbvio.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Nota zero

Na escola, em torno do sétimo ano do ensino médio, a professora de português (aula de redação), propõe a criação de um texto onde cada um deveria abordar o seguinte tema: 

O que você espera da vida?

A redação deveria conter 15 linhas.
A resposta foi simples, clara (com tons negros) e objetiva:

A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.
A morte.


A nota da redação: ZERO

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lerê-lerê!

                Desde criança, lembro deste trecho "(...) vida nova; novos colegas também. Mas eu prometo: este ano, eu não vou emprestar minha borracha". Era um textinho de um livro didático de português, naqueles capítulos em que você aprende a interpretar textos - ou, pelo menos, tentam lhe enfiar, massa cinzenta adentro. Agora, pesquisando no Tio G (para os íntimos. Tradução ao pé da letra: Tio Google), descubro que estão encaixados nos versos de Pedro Bandeira, intitulado "Promessas".


           Se for dosar pela interpretação, posso afirmar que se trata de amadurecimento. O personagem, possivelmente, passou por alguma situação que lhe trouxe um trauma e que, em seu novo período letivo, novos colegas e novos rumos, aprendeu que, se se empresta sua borracha, ela não volta. Para ele, um valor sentimental, enquanto que, para quem a tem/teve emprestada, não passa de uma simples borracha de apagar. Deve estar num canto, jogada. 
             Assim é nossa vida.
           Quando a casa é de ferreiro, há grande chance de seus espetos serem de pau - mas se sente falta do espeto de ferro -. Ainda assim, a comodidade nos obriga a termos madeira, em lugar de metal.

          Escolhi "Promessas" porque sempre lembrei deste trecho na minha infância até agora e  até para fazer uma correlação, para dar introdução à minha mais nova fase: dona de casa (não necessariamente nessa ordem. Consideremos ser "chefe de família"). A vida é uma escola e estou cansada de ouvir isso. É tudo verdade! As pessoas ou coisas que fazem parte dela, podem não fazer daqui há pouco ou podem até continuar, lhe assistindo a largos passos. Tudo muito finito. A professora, os colegas de aula, a borracha que alguém tomou emprestada e não devolveu. Assim fazem com nossos sentimentos, subestimam nossas capacidades de amar, acolher, adorar, magoar, horrorizar, enfrentar o novo, descobrir-se diante das mais adversas situações, por mais complexas que pareçam. Entrar em uma nova escola, a esta altura do campeonato, será um desafio, porém, não impossível. Administrar uma casa, cuidar das finanças, da segurança daqueles que estão sob sua "tutela" (já não são crianças), fazer a lista de compras, calcular, cuidar das despesas, distribuir tarefas... enfim, fazer a máquina funcionar!
          Agora é a hora de acordar e levantar a cabeça. Se já me sentia madura, terei que drenar minhas energias para este caminho constantemente. Em outras palavras, ser mais que isso.
           Algumas coisas acontecem e a gente jamais prevê. 
           E eu não previa (não, tão cedo!).
         A chefe da família, minha mãe, está tomando seu rumo. Ela é - sempre será - o esteio. Ela é aquele ferreiro, o dono da casa. Os filhos (alguns,  mais passivos), os espetos de pau. Vão aprender a se lapidar e conseguirem o milagre da transformação madeira => metal.
         Ela estava buscando. 
         Desistiu. 
         Encontrou. Agora.
         Agora vai, com todo desejo e vontade de caminhar lado a lado com sua felicidade. 
         Totalmente merecida. 
     Eu, a filha-coroa, assumo, a partir de agora, as rédeas da carroça. Nada alarmante. Apenas... Novo!

sábado, 20 de julho de 2013

G1.com/tocantins

Poizé!!
Agora somos chiques e em rede mundial!!
Ouvi na TV, nesta semana, que a TV Anhanguera, afiliada da Globo no Tocantins, vai ter seu braço no G1. Tanto quanto em notícias, quanto nos esportes, mais especificamente no Globo Esporte. Galera, não é desdenha, é constatação da realidade. Nem é tanto uma crítica - mas parecendo ser - lhes pergunto, caros leitores: A TV Anhanguera vai postar notícias, as mesmas que informam na tv aberta?? Tenho medo.
Medo de passar pelo constrangimento de ter aqueles assuntinhos corriqueiros e previsíveis. Exemplo: Bronca da Comunidade - o carro que recolhe os lixos das residências,  estabelecimentos e órgãos públicos não tem passado com regularidade. Esse assunto ficou chato, pelo tanto exagerado com que foi abordado nesta semana. Ora, para tudo, se tem uma explicação: se o assunto foi "amplamente" abordado por tanto tempo, significa que a cidade é recheada de casos interessantíssimos, é dinâmica e o seu mais grave problema (falha temporária da coleta de lixo), foi realmente enfatizado com a maestria que merece!
Outros bons exemplos para chacotas são: períodos chuvosos. Já sabem, né, danadinhos! Isso mesmo!! Buracos, enchentes na Teotônio (que, escandalizados pela mídia local, parece tragédia da natureza, de resultados desastrosos - com desabrigados, inclusive) e lamaçais onde não há pavimentação. E nem falo dos bairros de periferias, hein!
Olhando-se por outro ângulo, de pólo positivo, se não fosse por essas coisinhas banais e previsíveis, nossos direitos como cidadãos não seriam nem pensados a executar. O marajá iria permanecer de bunda colada e o cafezinho quente sobre a mesa.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

É Fan-tás-ti-cô!!

A programação da Grôbo hoje, se resumiu em notícias sobre os diversos protestos pelo país.
Ã??
Pelo país??
Onde está Palmas, na programação?? Se ocorreu, não assisti. Não assisti nem mesmo ao Jornal Anhanguera e, se passou, me desculpem. Não vi mesmo. A emissora se ateve somente a algumas localidades no país e ainda atrapalhou "minha novela" e nosso jornal. Seria ele, então, o único a  estar nos informando a que pé estariam os nossos protestos. 

Palmas só é significante para a mídia nacional, quando querem mostrar as merdas dos bastidores. Só escândalo: 

- Prefeito sendo investigado pela PF desde a primeira campanha política para eleições municipais, acusado de corrupção. O cumpanhêro: nada mais, nada menos que o glamouroso Carlinhos Cachoeira; 

- Ex-MOTORISTA do senado federal, aposentado por invalidez, ganhando só 20mil reais por isso e depois, trabalhando por um ano em Palmas, pela empresa de saneamento do estado e um belo cargo de diretor, com 18mil reais apenas por mês e hoje, continua trabalhando,  vendendo carros de luxo; 

- Quadrilha que vende barato pela internet, recebe por isso, não entrega a mercadoria. Levam vida de luxo, pagam passeios de helicóptero pelo Rio de Janeiro, montam vídeos fazendo arruaça com grana viva, casas e carros de luxo. 

É Fan-tás-ti-cô-cô!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Descanse em paz

          Enfim... tudo tem um fim... Até mesmo aquele que pensamos "Não terá fim".
          Acabou a era do programa de bate-papo online mais utilizado no world. 
         Estou em profundo luto, gostava muito dele. Muito mesmo. Nossa relação era sólida e fiel, ele atendia (quase) todas as minhas necessidades, era parceiro mesmo! Tudo bem, muitas vezes chegou a me atrapalhar em algumas situações tipo... o vício! 
        Enfim. Tudo tem fim...

       Minha homenagem singela. Minha singela homenagem.



terça-feira, 14 de maio de 2013

Datas

      Fico imaginando como existem datas comemorativas tão inúteis. Comemoração instiga felicidade, ou pelo menos nos faz acreditar que deveria ser feliz...
      
      Quem passou pelo dia das mães, mas não tem uma mãe, por exemplo, provavelmente quis se enforcar. E agora, em menos de um mês, mais uma data "comemorativa" inútil, irritante, deprimente, terrível, asquerosa, gosmenta, fútil, babaca, idiota (e tudo o que for de chato, inútil, irritante, deprimente, terrível, asqueroso, gosmento, fútil, babaca e idiota).
      Quem vai comemorar o quê?
      Vou me dopar.
      Quero dormir no 11 e acordar no 13.

Dom

As palavras...

Sempre Fênix,
Nascem do cinza.
Omissas.
Vida própria,
Autoescrevem-se.
Morrem
Ou
Não morrem
Nas entrelinhas.

Além da minha condição física,
Uma matéria vil - dizem -
É pó que já foi pó...
E vira pó!
Meu pó é rico.
Caro.
Não se vende
Por uma única palavra
Que não seja
Sim.
Ou
Não!
A bifurcação,
A decisão,
O livre arbítrio,
O acertar,
O errar,
O falar,
O calar...

Calando-se,
Simplesmente
Não superam o pó.

M
O
R
R
E
M
.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Acabou na pizza

          Fico observando como a vida exterior é dinâmica. Ficamos presos num mundinho micho e tão necessário e lá fora as coisas continuam acontecendo dentro do seu percurso natural. Ou não. Trabalho(s), estudos, diversão, lazer. Caminhos rotineiros, dentro do contexto da mesmice à qual nos submetemos.
          Gosto de relatar coisas - por vezes - simples, porém, interessantes. 

          Dia das mães. Quis quebrar a rotina de minha mãe e minha tia, que está passando uns dias conosco para apoiar minha velha enquanto se recupera de uma cirurgia.   Fizemos o óbvio, mas não pra elas, que nem se permitem a tamanho "luxo". Desde cedo havíamos marcado para irmos ao shopping. Elas precisavam se sentir bonitas para tal. Eu, claro, tive que colocar em ação alguns dos vários dotes autodidatas para tornar isso real. Não podia recusar. Meu íntimo me assombraria a consciência mais tarde. Melhor não deixar de fazer. Transformei-me na designer de sombrancelhas, manicura,  pedicura e arrasadora de pêlos (ou pelos) "buçais". Pronto! Todas lindas e felizes. Passou o almoço. Alguém foi pra cama puxar um ronco. Acordou-se algumas poucas horas depois e eu insisti que fôssemos passear. Meio a contragosto, resistindo como um bichinho selvagem, mammi começou a se arrumar. Nem precisava de tanto, já é linda por natureza!
          Saímos no início da noite e esperamos por mais de meia hora que viesse uma Mercedes Benz com seu devido chofer. Não fosse por alguns momentos de confusão ou lapso (alguns momentos por dia ocorrem, o que não quer dizer exatamente que sou desatenta), olhei errado o horário em que passaria nossa condução.  Adiantamos ou atrasamos  um pouco, revelei.   Mas outro plano entrava em ação. Pegar um táxi quando descêssemos. Chegaríamos ao shopping.  Geralmente meus planos mirabolantes funcionam.
Passeamos pelo shopping (um outro marasmo), lojas fechadas e só o cinema e a praça de alimentação funcionando. Quis muito estar com elas no cinema, mas se recusaram a assistir "A Morte do Demônio" ou "O Último Exorcismo Parte II"... Nem mesmo a  "Somos tão Jovens", que estava mais pertinho! Praça de alimentação era a última jogada. Chopp, suco, pizza, petit-gateau e eu engordando mais dois quilos (amanhã, dobradinha no aeróbico).  Satisfeitas, pizza para viagem e rumamos. Táxi, estação, o mesmo chofer, a mesma Mercedes.  Olhava em um arquivo no celular os horários das  Mercedes e calculava qual compensaria mais em termos de tempo hábil. Nos mantivemos ali mesmo, compensaria a espera de vinte minutos. Vinte minutos intermináveis. Enquanto cabisbaixa e concentrada na pesquisa, um homem se aproximou de minha pizza:
- É pizza isso aí?
- Sim, senhor!! É pizza sim! - respondi.
- Posso comer?
- Pega, meu filho!
         Olhei bem para a cara do sujeito. Maltrapilho. Um boné sobre outro na cabeça, uma camiseta manga curta sobre outra de manga longa. Nas mãos,  uma lata de cerveja e uma garrafa para água mineral cheia de água que não parecia ser mineral, mas também não parecia ser qualquer outro líquido incolor suspeito. Alguns minutos atrás, aquela pizza era  uma grande e bela pizza com dez pedaços, quatro destes antes devorados por três mulheres famintas (só comi um!).
         Voltando ao assunto...
         O jovem maltrapilho apoderou-se da caixa de papelão oitavada, jogou sua tampa em qualquer lugar no chão e não necessariamente degustou o seu conteúdo: engoliu. Ele estava com muita fome, nem devo supor, "estava escrito"!
          Eu não me senti no direito de contrariar aquele pedido tão espontâneo e verdadeiro. Primeiro falou mais alto o meu instinto humano-feminino, depois a rápida conclusão que tirei ao observá-lo. É como você estar sendo assaltado e ser obrigado a não reagir, mesmo contendo o desejo. Foi assim que me senti. E assim ficou.  Uma senhora ainda aproximou-se do rapaz e também o pediu um pedaço de pizza. Ele resistiu um pouco, mas cedeu. Quando parei para observá-la, vi que se tratava de uma dona que me surpreendeu há uma semana atrás em uma outra estação,  enquanto eu me dirigia  ao trabalho, pois virei sua nora e mãe de seus netos e eu tinha até um nome próprio e que eu não sabia, o que me deixou profundamente confusa, pensativa revoltada: "Será que fui trocada na maternidade"?
       Compartilharam aquela pizza que talvez fosse a sua primeira e única refeição do dia. Ele simplesmente limpou o recipiente que trazia a guloseima. Arrotou nojentamente diversas vezes. Parou ao meu lado e ficou me olhando firmemente, o que me fez ficar bem atenta a qualquer reação atípica que ele esboçasse, mas sem encará-lo.
          Finalmente ouvi o tão sonhado ronco do motor e fiz minhas mulheres entrarem primeiro, de modo a deixá-las seguras. Nos acomodamos. Lá fora ouço um barulho de algo pesado tocar bruscamente o chão, seguido de um gemido grave. Ninguém perto. Fiquei apenas chocada, era o que me restava, uma vez que os primeiros metros já estavam sendo percorridos rumo ao nosso destino. E o destino daquele jovem... Bem, eu não sei, mas confesso ter ficado preocupada.
          Tomara que alguém tenha tido o mínimo do bom senso, já que somente por muita sorte uma pessoa instruída em primeiros socorros e/ou com um pouco de humanidade no coração possa tê-lo livrado do pior daquele ataque epilético.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Pureza

                 Outro dia estava aqui no meu trabalho. Compenetrada. De repente ouço no corredor uma voz infantil, cantando uma música que eu ouvia na minha infância. Parei e prestei mais atenção - por um momento pensei que fosse um engano - e realmente era aquela que eu ouvia quando tinha a idade dela:


E aquela vozinha foi-se, definhando pelo corredor. Não resisti, cheguei a comentar com a colega do lado:
- Quem será que está cantando esta música? Nossa, eu tô impressionada! Agora quero saber quem está cantando esta música! Eu ouvia quando era pequena!". E fui.
Uma garotinha de pés descalços, porém bem trajada estava brincando sozinha, já rolando pelo chão. Claro que deduzi que poderia ser ela a dona daquela voz, uma vez que não é comum crianças no ambiente de trabalho:
- Oi! 
- Oi! - respondeu meio tímida.
- Você quem estava cantando aquela música? Onde você aprendeu?
- Ah, é a música do Carrossel! - e repetiu a estrofe, cantando.
- Você sabia que quando eu tinha a sua idade eu também cantava essa música? Ela já é bem velha, sabia? Eu fiquei impressionada com você cantando e quis saber quem era! Qual o seu nome?
- Vitória! - falou cabisbaixa, esboçando timidez.
- Nome lindo, Vitória! Pois é! Só quis ver aqui quem era esta cantora! A tia precisa trabalhar agora. Beijos!
Meia hora depois chega Vitória, em minha mesa:
- Você sabia que amanhã é o meu aniversário?
- Sério? Oba, que bom! E quantos aninhos você vai fazer?
- Seis!
- E vai ter bolo? Tem festinha?
- A minha mãe não disse! - e saiu.
No dia seguinte, ouvi as palmas na sala ao lado. Alguém estava ficando mais velho. Ou como dizem os velhos (sempre chatos) clichês, "colhendo mais uma flor no jardim da existência..."
Vitória veio, mais tarde, novamente em minha mesa: 
- Hoje é o meu aniversário!
- Ôbaaaa!!! E a festinha? - deduzi pelas palmas minutos atrás.
- Minha mãe fez uma festinha pra mim com os colegas dela!
- Que bom, Vitória! Então meus parabéns! - levantei-me para um abraço. E Vitória saiu, não antes de me oferecer um pirulito, o que a fez vir até minha sala.
Hoje, do nada, ela chegou. Caladinha. Escondia uma das mãos nas costas. Esticou-a rapidamente e estendeu em minha direção. Trazia primaveras colhidas em algum lugar perto ou cedo, pois estavam viçosas e radiantes. Fiquei emocionada. Levantei-me da cadeira atrás da mesa e a abracei, agradeci e intencionalmente deixei uma marca de batom na face, tipo marquinha que toda criança sonhava à minha época. Prometi conseguir um lugar para colocá-las para que ficassem vivas por mais tempo.

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Há pouco ela esteve aqui novamente. Mostrei que tinha posto o presente num "jarro". Novamente - do nada - ela soltou:
- Eu já tô indo pra escolinha! Já  aprendendo as palavrinhas! 
- Sério? E que palavras você já aprendeu?
- Aprendi picolé, chocolate, - comecei a rir - jacaré, jabuti, tartaruga...
- Mas tartaruga é muito dificíl pra você aprender ainda! - interrompi.
- Quando você era pequena você fazia escolinha?
- Sim! Fazia sim!
- Você cantava musiquinha?
- Cantava!
- Você sabia essa música?
"O filhote da coruja
É feinho de doer
(...?)"
- Lembro um pouco dela, mas não sei mais cantar!
Enfim... Vitória começou a cantar, inventar (quando não se lembra a letra) e, do nada, mais uma vez, saiu.

Acabou o expediente.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Despeita ou Racismo?


Hoje descobri uma coisa que vai mudar a história da sociedade humana.
Descobri que não é RACISMO - este foi apenas um nome bonitinho que inventaram pra maquiar DESPEITA.

Estou falando dos pretos, negros, negrinhos, crioulos, tições, azuis... São estes os adjetivos formais/apelidos que são dados às pessoas desta raça. Raça, aliás, que possui propriedades incríveis e que muito branco paga pau.
- Os pretos têm, comprovadamente, uma resistência física superior, fora do comum;
- Os pretos dispõem dos dentes mais perfeitos e branquinhos, os sorrisos mais bonitos;
- As mulheres pretas têm bundas e pernas invejáveis e pasmo: elas não precisam ir à academia para cultivá-las;
- Os pretos têm as melhores vozes na música. Tanto é que se uma Adelle, Amy Winehouse, Christina Aguilera soltam aqueles belos vozeirões, são comparadas às vozes negras;
- Por fim (não menos importante), os homens negros dispõem dos maiores membros sexuais, segundo algumas pesquisas... (...?).

Vai dizer que não é despeita??

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Mocinho que virou Vilão

                   Resolvi perder alguns minutos do meu precioso tempo para abordar um  assunto em alta (literalmente): o preço do tomate!

                Como uma forma de protesto, o brasileiro utiliza de sua criatividade para demonstrar sua indignação - de uma forma bem humorada - diante da inflação exagerada do valor desta fruta, que já foi comumente utilizada sem distinção por todas as classes sociais.                   Não é exatamente assim agora.

                   Reuni aqui algumas sátiras.  Falam mais que mil palavras.


(Imagens encontradas em redes sociais e pesquisa Google sobre o assunto)


































sexta-feira, 22 de março de 2013

Sobre vidas Sobrevividas - Parte II

Continuação de Sobre vidas Sobrevividas


          Nossa viagem durou exatos 30 dias, entre julho e agosto de 1999. Visitamos avó, tios, primos e amigos. Há três anos não os via. Eu era a chefe da expedição, pois fiquei responsável por meus três irmãos, na época com 14, 8 e 7 anos de idade. Recordo exatamente a data de retorno, pois foi uma dessas vezes que o mundo deveria ter acabado... mas não foi desta vez novamente. "Nostravamus".
       Voltei a trabalhar na Elite Sorveteria após as "férias". Chorei ao saber que o Casebre Dance havia fechado suas portas. Era meu maior motivo de diversão, já que não saía das imediações do bairro. Algumas vezes, quando saía do trabalho e percebia a boate ainda funcionando, dava uma passadinha lá pra sentir o movimento, mas sem demora, já que minha mãe ficava preocupada e eu sempre voltava sozinha pra casa. Eu era apenas uma menina de quinze anos e muitas vezes menti a idade na boate Casebre Dance pra ser autorizada a entrar. Minha fúria era pra dançar, sempre gostei muito e devo admitir: eu gostava de música de periferia. Mpb, bossa nova e músicas clássicas me enojavam. Adorava o É o Tchan, Companhia do Pagode, Terra Samba, P.O. Box e seus "enfins". E enfim...
      O rapazinho moreno de sorriso branco e bonito voltou a frequentar a sorveteria e só queria ser atendido por mim. Tudo normal, já que ele não era o único. A coisa começou a mudar de figura quando ele passou a vir com um colega artista: Sorriso Branco fazia o Amigo Artista desenhar algo parecido com uma mulher e que se identificasse comigo... Tudo em guardanapos! Depois vieram as frases feitas, outras nem tanto. Ele era um gentleman  dos guardanapos. Guardei vários deles por anos. Aquilo foi me chamando a atenção, passei a gostar da ideia. E do Sorriso Branco também. Ele tem nome, mas vou identificá-lo neste assunto por suas reais iniciais: E.R.A. 
       E.R.A.  conseguiu me conquistar. Passamos a namorar e, desde os primeiros dias, as primeiras semanas, ele agia de forma ciumenta e eu achava interessante, parecia que ele gostava de mim. Meninas de sempre na minha faixa etária à época sempre acham que isso é bom, que elas estão com a bola toda. É aí que mora o perigo! Sem discernimento, não há vigília.
      Eu já estava apaixonada. Já conhecia o barulho do carro em que ele trabalhava e o coração ia a mil, corria pra janela ou para a porta afim de esperá-lo. E.R.A. não era tão independente, morava com a irmã, o cunhado e as sobrinhas no bairro vizinho ao meu, mas tinha seu empreguinho em um laticínio da cidade. Passamos a nos ver todos os dias. Menos de um mês de namoro e já fui convidada a conhecer a família dele. Viajei em torno de 80km para chegar à casa da mãe dele, onde toda a família estava reunida. Ele foi me buscar. Chegamos à casa, fui apresentada e comecei a interagir aos poucos, embora com certa dificuldade, já que eu era um bichinho do mato. Pra mim era muito mais fácil conviver com várias outras pessoas, desde que não fossem as pessoas que me olhariam diferente, me olhariam com olhos maldosos e com olhos de "Ela é a namoradinha dele". Seria interessante, desde que estas pessoas não fossem as pessoas da família dele. Eu era uma moleca enfrentado pessoas muito mais maduras. 
     O tempo foi passando e os ciúmes dele criavam força, já que estávamos cada vez mais unidos. O namoro, desde seus primeiros dias, já tinha muitas brigas, discussões, palavrões, tudo porque era mais interessante a ele escutar o que as outras pessoas que me conheciam falavam/pensavam ao meu respeito. Admito que eu era moleca namoradeira, mas não via exagero nisso. São coisas de adolescentes e isso é comum, totalmente compreensível. Tudo é descoberta, tudo se quer a todo custo... Qualquer um faz isso, se não fez, vai fazer ainda. Sempre fui expansiva e isso às vezes faz com que as pessoas confundam "liberdade com libertinagem". Ainda hoje. Pois bem. Em algumas discussões que tivemos, ele chegou a me proferir palavrões, me fazia sentir culpada pelas brigas. Uma vez me deu um tapa no rosto. Eu aceitava, afinal, eu estava errada. Ainda tive que suportar algumas traições e que ele fez questão de me contar os detalhes e por que fez: eu era culpada. Sempre.
     Com as brigas, vieram as proibições. Tive que me afastar da Maria, uma amiga a qual me presenteou sua filha recém nascida para que eu a batizasse; Afastei-me da Jaci, uma das minhas melhores amigas. Me fez afastar também de outras amigas, amigoscolegas comuns e até colegas da escola. Eu não poderia conviver com ninguém, não poderia sorrir pra ninguém. Nem por brincadeira. Tudo era motivo de briga. Passei a caminhar sempre cabisbaixa, de modo que, se cruzasse com algum conhecido, cabeça baixa veria apenas pés.  Comecei a sentir uma necessidade extrema de me manter assim, pois eu tinha a sensação de ter sempre  alguém me olhando de algum lugar, às escondidas e diria a ele que eu falei ou olhei para alguém. Até mesmo atravessar a rua, olhar para os lados para assegurar-me se vinha ou não algum veículo, era motivo de pavor pra mim. Mesmo assim eu continuei o namoro. 
       Sempre acreditei que poderia mudar as coisas - e ainda acredito. Com isso, posso mudar as realidades, posso fazer milagres com tempo escasso, com a ordem das coisas, em como as pessoas estão acostumadas a agir, se portar. Acreditando e confiando nesta tese, resolvi acatar ao pedido dele de irmos morar juntos. O namoro durou um ano e oito meses. A empresa em que ele trabalhava fechou. Por compensação, o patrão dele o presenteou com um terreno em um bairro novo, totalmente sem infraestrutura. Apenas um descampado com algumas depressões por conta do relevo e tipologia do bioma de nossa região. 


(Continua no próximo post de "Sobre vidas Sobrevividas")
     

Minha casa, Minha Sina!






           Então, este é o famoso barato que sai caro!

           As famílias beneficiadas pelo programa do Governo Federal em Duque de Caxias-RJ estão pagando pela pressa, a ambição e a falta de compromisso. 
          Aliás, quem está mesmo se importando com paredes apresentando verdadeiras juntas de dilatação praticamente transversais, quando nem deveriam existir fissuras? 
Quem está se importando com os miseráveis jogados a 500m de um rio que transborda todos os anos neste período chuvoso?
         Quem está se importando com com aqueles que, neste momento,  deveriam estar gozando do conforto da sua cama e lençóis quentinhos, no seu dito refúgio, na dita segurança do seu lar?
         Quem se interessa se eles perderam até o que comer hoje, se perderam suas roupas, seus móveis, tudo conquistado com muito suor e satisfação?
Um erro medíocre e egoísta daqueles que simplesmente fizeram as telhas nas coxas, puseram em risco a vida de muitos trabalhadores, idosos, crianças, mulheres, homens...
         A quem interessa de verdade os problemas alheios já que o que eles queriam  está embolsado?
         Não estou afirmando nada com esta sugestão de embolso (longe de mim!), apenas sugerindo o óbvio, afinal, estamos tratando de Brasil e, acima de tudo, aquele que corrompe até aos que se dizem incorruptíveis... 
         O que será, de verdade, esse misterioso O.V.N.I.? Será aquele que muda de cor conforme cresce?? Será aquele que, de acordo com a sua cor, tem cara de animais diferentes??



Leia sobre no site da Globo 


terça-feira, 19 de março de 2013

Sobre vidas Sobrevividas

           Pausa para o café. Ou água. Ou nada. Ou... não!
        00:32h  de uma noite relativamente fria para a realidade de Palmas, avisada pelo Accuweather no gadget da área de trabalho: 25 graus Celsius. 
     Tv enfim desligada, a programação realmente não está tão atraente quanto o joguinho Paciência Solitarie no meu smartphone. Mas até isso me cansou, por enquanto. De repente uma vontade enorme de escrever, de vir aqui rasgar o verbo, de ceder de uma vez à minha tolerância em adiar os assuntos que quero abordar.
        Quero falar de mim, de uma fase da minha vida que poucos participaram em conhecê-la (e que bom que não participaram fisicamente).
      O tempo me roubou algumas memórias ou outras se sobrepuseram a elas - talvez fossem mais importantes - ou talvez eu tenha querido realmente achar o lugar adequado para elas, mas não antes de colocá-las aqui.
       Por ser um trecho desta vida aqui, ele pode ter durado um certo tempo que não cabe só em um texto, então vou procurar dar sequência em outras postagens, identificadas por algum marcador que facilite a leitura de todos  eles. Assim presumo. 
        E isto foi a introdução.



          Nasci em Taguatinga, cidade satélite de Brasília. Em 1992, aos nove anos de idade, viemos para o Tocantins e fomos morar na região norte do estado, o famoso Bico do Papagaio. Foi lá onde meus pais foram criados, cresceram, conheceram-se, casaram-se. Eu, a filha mais velha e mais três irmãos, sendo que o bendito fruto entre as mulheres tinha apenas quatro meses à época. A cidade é Buriti do Tocantins, quase no extremo norte do Tocantins com o sul do Pará. Cidade pacata, todo mundo conhece todo mundo e nossa família, tanto por parte de mãe quanto de pai, são muito conhecidas e grandes. Por um ano moramos em Buriti. Meu pai, nômade como sempre, resolveu ganhar a vida como lavrador e levou toda a família um pouco mais mata adentro. Três anos já se passavam e destes, dois na lavoura. Tudo era difícil, estudávamos em uma escola rural no Povoado de São Francisco, distrito de Esperantina do Tocantins, afastado da cidade em torno de oito a dez quilômetros. Íamos todos os dias e caminhávamos, eu e minha segunda irmã, uma légua para estudar. Comumente topávamos com cobras, macacos, iguanas, bicho-preguiça, aranhas e recordo que até um maracajá uma vez cruzou nosso caminho. A estrada era coberta por vegetação nativa e em poucos trechos via-se o sol. Era estreita e cheia de barrancos nas bordas, qualquer desequilíbrio - principalmente para aqueles que pedalavam nas Barras Circulares - caíam. Em períodos do "inverno tocantinense", as baixadas enchiam-se e pelo menos em três trechos que passávamos, a água batia na altura da coxa. O medo era maior, pois ouvíamos histórias terríveis do povo local de casos de enguias e sucuris. Por sorte, nada mais que sanguessugas nos atacavam nesses brejos e nada melhor que o suco puro do limão. Bom tempero! Mas devo confessar que eu sentia o pior medo duas vezes por dia, não tinha como desviar: Passávamos em frente ao cemitério e eu evitava olhar, mesmo estando ao fundo das primeiras casas do povoado, o que nos causava um certo alívio. Isso piorava quando saíamos da escola e resolvíamos burlar as regras e ir nadar no rio - não disse antes, mas o povoado margeia o rio Araguaia -  e acabava ficando tarde. O dia já caindo e o coração gelava à medida que chegávamos nas imediações da "terra santa". Enfim, foram dois anos ali. Voltamos para Buriti e foi mais um ano sofrido, já que no início de 1996 meu pai resolveu tentar mais uma vez a vida, viajando então para Palmas, capital em leve ascensão e motivo de esperança para muitos pais de família. Era fevereiro daquele ano. Lembro-me que em julho do mesmo ano, partimos, minha mãe, eu, Juh e Flavinho (os irmãos mais novos) para visitar meu pai. O dinheiro disponível não era suficiente para pagar a passagem da Pati (a segunda irmã), já que passávamos dos sete anos de idade e já pagávamos há alguns anos. 
          Eu sonhava com essa cidade, nova vida, novas perspectivas. O sonho, geralmente, não condiz com a realidade. Eu já tinha então meus doze anos de idade. Fui matriculada na escola que fica praticamente nos fundos de casa e minha mãe só voltou a Buriti pra buscar a Pati e o que havia restado dos pertences e que muitos nos acompanhavam desde Brasília. Menina magrela, roupas modestas, assim como o caderninho de capa mole com a cara do Carlos Patrocínio na capa que carregava no colo. Era tudo o que meu pai podia me dar, ou era tudo o que ele se permitia nos dar. Lembro como hoje da chacota que eu virei na escola, pois minhas coleguinhas tinham cadernos com capa dura e espiral. Hoje em dia isso tem outro nome... Seria bulling?
         Enfim, como os fins justificam os meios, eu precisava contar essa parte da história, que é muito mais que isso aqui descrito, se for contar em detalhes. 
      
          Sempre gostei de criar as coisas, aprendi a costurar até por minha mãe ser uma costureira. Comecei a trabalhar aos quatorze anos de idade, sempre quis minha independência. Eu já era líder por natureza, o meu próprio signo determina isso. Participava de grêmio escolar, organizava eventos, tomava a frente de muitas coisas, gostava de me sentir importante e útil. Isso não mudou muito nos dias atuais. Dentre os locais que trabalhei, posso citar o trabalho no Núcleo Comunitário do bairro, onde eu fazia as vezes de uma secretária e logo começaria a dar aulas de datilografia, mas uma briga com o presidente da base me afastou do "cargo"; Outra vez minha mãe conseguiu, com a professora dela, que eu fosse trabalhar de doméstica em sua casa. Tudo durou oito dias até ser escorraçada pelo marido dela, pois eu havia contado a ela que ele havia se insinuado pra mim. Não contei mentira; Depois fui fazer um teste em uma loja de artigos diversos, justamente quando surgiram as famosas lojinhas de R$1,99. Eu estava feliz da vida em uma delas, mas não tinha a menor experiência no trabalho como vendedora. Foi um fiasco que durou... oito dias também! Minha glória veio então com a notícia de alguém que chegou aos meus ouvidos de alguma forma e que, honestamente, não recordo como foi... Só sei que fui admitida em uma sorveteria em meu bairro, há mais ou menos 500 metros da minha casa. Seu Jovair, mais conhecido como Seu Jova - embora com esse apelido, era um moço - devia ter algo em torno de 35 anos de idade. Ele mesmo havia aprendido a fazer  os sorvetes e talvez este fosse o diferencial da Elite Sorveteria. Além disso, fazíamos lanches, sucos, vaca-preta e em algum período, a tentativa de vendermos também cervejas, o que não deu certo. Trabalhávamos de segunda a segunda, desde as 18h até enquanto houvessem fregueses, geralmente até meia noite. Lembro-me que o dia que terminamos o expediente mais tarde já passavam das 4h. É... tínhamos cerveja! Ali meu trabalho foi mais promissor: eu era chapeira, garçonete, faxineira, menos sorveteira. Eu servia e já tinha meus fregueses e, modéstia à parte, meu atendimento era bom. Muitos me diziam que só iam lá por causa do meu atendimento e isso só fazia com que eu melhorasse, porque eu adorava ser estrelinha.
          Já tinha meus quinze anos de idade, faltava pouco para os dezesseis e continuava na sorveteria. Um moço moreno, troncudo, estatura média e um sorriso branco e bonito, os dentes certinhos,  saía da escola e passava quase todos os dias lá. Pra mim era super normal  já que muitos faziam isso. Ele tomava um sorvete pequeno, por vezes algum lanche ou algum refrigerante. Eu achava interessante que ele sempre estava acompanhado de duas moças e quando terminavam, pagavam a conta, iam embora, mas ele retornava e dizia que estava indo pra sua casa, totalmente o oposto de onde havia ido com elas. Estava sendo cavalheiro, pois estudavam juntos e ia sempre deixá-las perto de casa. Isso, claro, eu pude prestar atenção depois. Bem depois. Não podia dar conta da vida de todos os fregueses. 
           Trabalhava já há quatro meses na Elite e precisei viajar com meus irmãos para o norte do estado, rever a família. Eu conduziria a turma, os três demais e eu, por ser a mais velha, fui incumbida disso. Meus pais ficaram em casa. Esta viagem durou um mês exatamente. 


(continua no próximo post)

terça-feira, 5 de março de 2013

Metendo a colher.

          Hoje foi um dia formidável. Reencontrei dois super amigos. Não via o Juninho há mais de um ano e a Diana, há mais de 15 anos... Foi um dia feliz. Apesar de ter trabalhado bastante, as emoções compensaram cada segundo. 
          Para fechar com chave de ouro, descobri uma coisa interessante sobre mim mesma: ou é senso de justiça, ou é impaciência, ou é intolerância ou simplesmente acho que estou me transformando numa baita barraqueira. Comprei briga com o filho da puta que estava na cola da Diana... 

                                      Foi mais ou menos assim... 



          A procurei no shopping, em seu local de trabalho. Nos cumprimentamos depois de tanto tempo e ela chorou como criança (são tantas emoções) pois fui ao seu encontro de surpresa. Mais surpresa fiquei eu, pois ela estava em seu trigésimo aniversário e sua amiga desnaturada não recordava a data. Pura coincidência. Logo atrás de mim, um senhor magrelo, numa estatura rente à minha e com sua metade da cabeça desprovida de cabelos e os restos que lhe sobravam, confundiam-se com a luz branca das lâmpadas fluorescentes do shopping. Ele a cumprimentou e lhe entregou uma sacola das Lojas Americanas e percebi que ela ficou imediatamente com a face esmaecida por ter aquele senhor por perto - Conforme nossas três horas e pouco de conversa em dias anteriores ao telefone, ela havia me adiantado a sua atual situação com o ex-marido ($@#$%¨%$#$¨@#@¨(*&), o qual a teria agredido de alguma forma, não recordo se só com palavras ou ações e também de certo cárcere. Agrediu, de qualquer forma. Isso me deixa puta de raiva -. Enfim, imediatamente senti de quem se tratava o coroa. Era o dito-cujo em... pele... alguns cabelos e uma cara de idiota. Ela resolveu se despedir dos dois e saquei na hora que era pra fugir do cretino e eu acatei, não antes de combinarmos de que eu a esperaria terminar o expediente, já que faltavam alguns minutos. 

Nesse meio-tempo deu pra eu comprar um mimo na CacauShow para dar a ela como forma de boas vindas e cumprimentos pelo aniversário. Dei um giro pela praça de alimentação, entrei na unidade das Lojas Americanas para ver as guloseimas de taaaaanto chocolate em forma de ovos gritando por mim, a promoção de carrinhos colecionáveis da Maisto e que fiquei me coçando para comprar, mas não estava com minha lista dos que já tenho na coleção e pra não correr o risco de ter uma peça repetida, preferi não comprar. Lembrei-me de que tinha que fazer uma logomarca de um programa de rádio, então sentei-me exatamente em frente ao local de trabalho da minha amiga e propositalmente frente ao cafajeste com o aeroporto de mosquito desprotegido, para observar cada movimento dele. Ele não saía da única tulipa de chopp que repousava em sua frente sobre a mesa. Eu fingia não vê-lo, mas graças à minha visão de Mulher Maravilha em 180 graus, eu tentava criar a logo e o outro olho no cabra safado.
         Diana saiu do se posto, já de roupa trocada, num vestidinho estampado, uma florzinha de tecido nos cabelos e um sorriso feliz por ter sua amiga de volta, mas esmaeceu novamente quando o cretino se aproximou dela e eu já fiquei armada, esperado pra dar o bote. O cara é tão ridículo que pediu o presente de volta a ela. Ela retrucou que não entregaria, o presente era dela. Ele saiu nervosinho, não antes de proferir, olhando pra mim e já saindo de lado, como se estivesse preparando pra fugir das próprias palavras "Agenciadora". Não acreditei quando ouvi isso. Meu sangue ferveu. Pensei cá com meus botões "Esse filho da puta não perde por me esperar".
Saímos do shopping e eu sempre na frente, como se estivesse protegendo a integridade física e moral da Diana. Olhei ao redor, logo que saímos do shopping e sempre alerta a algum sinal dele. Visão de 180 graus vezes dois.
          Como somos chiques, iríamos para casa de Mercedes Benz com chouffer ao nosso dispor. Já estávamos no ponto quando vejo o cretino sair detrás de algum carro, apoiando-se nas pontas dos dedos dos pés, esticando aquele pescocinho enterrado de tartaruga e vir em nossa direção. Por sorte haviam alguns rapazes sentados no ponto. Mandei Diana se aproximar dos rapazes e que o filho da puta estava chegando pra azucrinar a paciência dela. Ele se aproximou dela, com desculpas de querer parabenizá-la pelo aniversário dela, tentando beijá-la e ela se esquivando. Ele pedia para conversar com ela e ela sempre recusando. Sorte que o busão chegou de imediato, falei para que ela entrasse primeiro e entrei em seguida. Ela passou a catraca e eu ganhei tempo para passar, uma vez que o babaca entrou logo atrás de mim. Ela quis esperar que eu passasse para irmos até o fundo do veículo juntas, mas pedi que ela fosse logo e sentasse e por sorte só havia um assento livre. Pedi que ela sentasse e eu fiquei em pé, bloqueando a frente dela naquele corredor estreito. O cara veio com tudo: 
- Diana, vamos conversar! Poxa, Diana, hoje é o seu aniversário, vamos conversar!
Ela enfatizava:
- Eu não tenho nada pra conversar com você, me deixa em paz!
- Diana, não me humilha assim! 
- Cara, ela disse que não quer conversar, então fica na tua! Explodi.
- Quem é você? Eu tô falando com minha mulher! 
- Sua mulher? Se fosse, você estaria esperando por ela em casa e conversaria em casa! - comecei a altera o tom da voz.
- Quem é você querendo se meter no assunto meu com minha ex mulher!
- Sou amiga dela e você falou muito bem! Sua ex-mulher. Deixa ela em paz, ela já não disse que não quer falar com você?? Então sai fora, velho!
- Ô Diana, quem é essa mulher que você colocou aí na frente pra ficar querendo se meter?
- Ela não mandou eu ficar aqui, eu quem quis! Agora se afaste! - comecei a gritar e uma boa plateia ao longo do corredor.
- Ah, é? Ela quem ligou pra mim pra "mim vim" aqui! 
- Filho, ela está sem celular. Eu mesma tentei ligar pra ela e não consegui falar, então você está mentindo! 
- Eu não tô mentindo não! Quer ver a ligação aqui? Ela ligou lá do orelhão do shopping! Fala pra ela, Diana! Quer ver? Tá aqui no meu celular! - o babaca começou a simular a procura pelo celular no bolso da calça - Eu vou te mostrar que ela ligou, mas não tô achando meu celular! Droga, esqueci no shopping! Motorista, para aí...
- Então desce, meu filho! Vaza e vai buscar teu celular!- eu me segurando para não cair na gargalhada, pois estava vendo a protuberância do celular no bolso dele que oposto ao meu lado. O infame estava procurando uma desculpa pra sumir dali pois não tinha o menor argumento pra se defender. 
- Ah, você tá mandando eu descer é? É isso?
- Eu estou falando pra você descer enquanto está perto! Desce logo, porra! - eu já preparando a bicuda nos ovos dele.
- Motorista, para aí! MOTORISTA, PARA AÍ, PORRA!- Gritou a mona nervosinha, puxando a corda com força e raiva para pedir parada.
- MEU FILHO, ELE SÓ PARA ONDE DEVE PARAR! ESPERA CHEGAR NO PONTO, PORRA!
          O busú finalmente parou e àquela altura, já estávamos bem longe do shopping... Eu estava me coçando de vontade que parasse em um dos pontos menos movimentados e escuros, mais ou menos na altura da Planeta Chevrolet ou depois do Restaurante Tabu, mas parou em frente ao Centro Médico. O babaca desceu, olhando pra trás e falando merda e eu respondendo às provocações dele "Some, babaca! Idiota!". 
          Diane estava morrendo de vergonha. Eu, não! A única coisa que fiz como sinal de respeito aos espectadores foi: "Gente, antes que eu me esqueça, quero pedir desculpas a vocês pelo papelão que eu causei aqui, mas aquele cara merecia ouvir um pouco de merda e ser tratado daquele jeito, ele estava incomodando a minha amiga e eu Não Admito esse tipo de agressão à mulher. Acho que vocês vão concordar comigo, né? Eu não faço barraco, mas ele fez por merecer!". 
          Parece que todos concordaram comigo. Parece.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Delicadinha e tolerante!

Tem gente que não tem noção das merdas que fala. O vizinho da poltrona aqui querendo puxar a atenção com qualquer assunto, nem que seja reclamar da comida do restaurante. 
A Mercedes Benz na estrada.
Quase dez horas da noite.
Cidade do interior.
Desembarcamos para as necessidades fisiológicas e vitais. 
Achei a comidinha uma delícia, tipo caseira - que adoro - e saí satisfeita! 
O mané querendo chamar a atenção da mocinha de coque nos cabelos, batom vermelho e nenhuma atenção voltada pra ele. Só por ser vizinha de poltrona, não significa ter que dar-lhe atenção integral, principalmente porque fico um pouquinho só mais chata com papos sem fundamento. Sou mais feliz quando os evito:

- Comidinha ali é fraquinha demais!
- Como? - eu percebendo qualquer ruído falante há alguns cm de minha pessoa, enquanto a Pitty canta em meus ouvidos - Não entendi!
- Comidinha muito fraquinha ali! Não tinha nada de variedade!
- Ser humano tem mania de reclamar de barriga cheia! E tu tá reclamando de barriga cheia!! -e quem me conhece sabe que sou "superdelicada" pra falar - Cidade do interior, meu filho, são quase dez horas da noite! "Tamo pegando é o boi"! Eu não achei ruim! Pra mim estava ótima, uma delícia! Estou saciada! Pior se não tivesse nada! Ainda que tivesse só arroz branco, eu comeria e pagaria!
- Arroz branco só se for em casa, mas fora....
- Mesmo que fosse fora de minha casa, eu comeria e pagaria! - cortei a vã tentativa de talvez impressionar a chatinha, sua vizinha de viagem. - Pior se você chegasse em um lugar, morrendo de fome e não tivesse nem o arroz cru! Eu como e ainda agradeço por ter matado minha fome!
Não tendo mais nada pra falar, balbuciou a filosofia mais que lógica e inteligente daquele diálogo forçoso:
- É...
Voltei para o celular pra compartilhar este papo cabeça. Não resisto às massas cinzentas sem conteúdo!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

(...) e religião não se discute? DISCUTE-SE, SIM!

         Acabo de ter uma leve discussão com meu irmão. Chegou a me proferir que a família estava contra seus idealismos - e eu diria que da igreja.
              Diante dos fatos que relato em seguida, nada mais se configura como preocupação e cuidado com sua saúde e integridade física! É um é absurdo a pessoa ser aliciada a pensar desta forma contra seus próprios entes! Quero ver ele estar enfermo. Quem vai ter a iniciativa de ao menos visitá-lo ou dar-lhe medicamentos? Só vendo pra crer!

                Passei dois meses fora de casa a trabalho e enquanto estive ausente, recebi ligações da minha família pedindo que conversasse com ele, pois seu comportamento estava estranho. Ele estava muito focado em seguir os princípios religiosos catequistas. Excessos de orações, jejuns, penitências e prática de castidade...
                Não penso que tudo isto seja ruim, mas tudo em excesso não é interessante, principalmente para um menino de 20 anos de idade que ainda não sabe exatamente o que quer. Sou uma irmã protetora, mas dou liberdade pra cada um seguir seu caminho.  Por vezes, temos discussões acaloradas, alguns ficam chateados, mas não faz parte do meu gênio ficar calada, esperando a morte chegar. As discussões familiares devem acontecer para ajustar os ponteiros.
               Tive uma conversa - me vali da tecnologia - e, estando distante, tentei colocar na cabeça dele que, se de fato ele quer seguir a carreira religiosa, que comece dentro de casa, respeitando a própria família e permitindo-a a prática do livre arbítrio. Se alguém peca, não é a ele que devem ser prestadas as contas. É justamente a família quem acolhe, dá apoio, sustenta moral, econômica e psicologicamente dentro das suas possibilidades culturais. Na prática, não era isto que ocorria, pois passou a julgar as atitudes de uma de nós em casa, chegando ao extremo de "pôr o dedo na cara" e a acusar de "pecadora".
                 Já em casa, pude perceber o estado deplorável em que se encontra meu irmão: Dorme em um colchonete fino no chão frio em sinal de penitência, reza sempre o terço ou rosário e praticamente não come. Dói ver um menino tão inteligente, tão prestativo que era, estar com pelo menos 5kg a menos e o seu porte físico que já é magro, agora está esquelético! Não canso de dizê-lo "Você está horrível, menino! Ridículo! Vá comer"! - talvez assim consiga atingir o orgulho dele. Não funcionou ainda.
               
                Agora lhe pergunto: Será mesmo isto que a Santa Igreja Católica prega aos seus fieis?? Será que este absurdo de regras que atravessam o tempo não devem ser revisadas? Não pode deixar de ser tão provinciana?
                Eu sou batizada, cumpri com alguns sacramentos que esta estabelece e mesmo assim eu contrario estas normas. Não vou à uma missa sequer e pode até parecer ignorância de minha parte, mas, mais ignorante é aquele que vai à igreja pra autoafirmar-se dentro de sua crença sendo que, no fundo, não é realmente um crente em Deus. Realiza barbáreis em seus antros, por menores que sejam, mas que contradizem todo o louvor antes prestado; Eu não vou à uma missa se não tenho vontade de estar lá, principalmente para ouvir os mesmos sermões rotineiros da liturgia, estar com os pensamentos em outro lugar e mesmo assim respondê-la, até porque sei fazer isto de cor e salteado. Sempre no piloto automático... 
                É a isto que chamam de fé? É a isto que chamam de sermos tementes a Deus? Isto pra mim chama-se falta de respeito, ninguém sabe exatamente para que serve a "hóstia sagrada", a unção, o próprio sentido de desperdiçar passos rumo à "casa de Deus", sendo que, saindo dali, muitos sentarão em um bar para tomar uma loira gelada, dar o velho tapinha nas costas e esfaquear pelas mesmas traseiras ou entrar em casa e incorporar o mesmo diabo da discórdia familiar...
             Quem opta por seguir sua religião, nos faz pensar - ainda que de forma grosseira - que tenha por obrigação ser uma boa pessoa, todo o tempo, sem excessões, sem tréguas, sem pausas. 
              A sociedade cobra que os evangélicos sempre sigam os preceitos à risca, sem titubeios. E que sejam bons; 
Cobra que os padres sejam castos. E que sejam bons; 
Cobra que você, por ser um filho de Deus, fiel, temente, que transmita o tempo inteiro um olhar sereno, um sorriso cordial, sem maldades no coração, a pureza divina. E que ainda seja bom.
               Em outras palavras, NÃO pode ser solto de suas correntes. E quem gosta de ficar preso? NINGUÉM! Por isso mesmo que foi dado o bendito livre arbítrio e cada um pode fazer o que quiser da sua vidinha medíocre. É por isso ainda que existem nas  pessoas sentimentos e atitudes estapafúrdias, o que não o torna, necessariamente um ser santo. Creio eu que nem mesmo os santos estão/estiveram livres das tentações do mundo. Mesmo assim.... são santos! Ah! Os santos foram criados pelos humanos... Só pra lembrar...
             Ser bom, no meu ponto de vista, é ser humilde de coração, honesto, sincero consigo próprio, é fazer as pessoas em seu entorno, felizes ou pelo menos confortáveis; É cumprir com um dos milhares de ditados "Fazer o bem sem enxergar a quem"; É tratar bem todas as pessoas, respeitá-las, sorrir de verdade, ajudá-las dentro de suas possibilidades; Isso sim é ser bom! E quem é bom de verdade?? Lhes digo, meus caros, que nem eu estou livre de sofrer com atritos, alguns momentos regados a sentimentos não positivos. Isto não me diminui diante de Deus, não me torna menos ou mais filha dele: todos somos filhos na mesma proporção e percebam que acabo de afirmar a minha fé Nele e não preciso necessariamente que um homem no altar me determine a direção a seguir.  Ocorre que nós, seres humanos... Não somos perfeitos e estamos suscetíveis todo o tempo a energias negativas que influenciam em nossas atitudes. Isto está cada vez mais raro, extremamente raro a ponto de ser motivo de notícia uma atitude quando honesta. É triste. Realmente triste. Isto sim é chamar de situação desprezível!
             É preciso rever seus próprios conceitos, inclusive daquela que lhe diz "Não  farás para ti imagens e esculturas e nem adorarás". 
Ou ainda não apoia os mesmos filhos de Deus que optaram por seguir outros caminhos no que tange sua orientação sexual. 

Ã???


Faz bem passar um cotonete no umbigo de vez em quando.


Deus tá vendo!!


(Agora vou esperar ser alvejada)