Fernanda Oliveira

Fernanda Oliveira
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domingo, 25 de maio de 2014

Essa taça num é nada (....?) do nosso amô!

Mais uma noite torridamente fria e cravada de muriçocas, gatos e sirenes, sem contar os insuportáveis funks, sertanejos e, pra salvar a lavoura,  um bom brega, à moda do velho Rossi - talvez a única audível.
Sol raiando e pura sorte foi a minha em conseguir carona daquele fim de mundo para a realidade mórbida e cemitérica do centro, em manhãs de domingo - agora com um sol escaldante às sete e pouco. 
Alto lá! Mórbida sim! Isso, até entrar em um "coletivo" (em outras regiões do país, também conhecido como busão, transporte coletivo, transporte público) e rezar para chegar com todas as partes do corpo coladas ao mesmo.
Muitos trabalhadores de plantões noturnos chegando ao fim de mais uma jornada e rumando para seus devidos lares, acusados pela envergadura de suas mochilas (acessório obrigatório aos membros da classe). O bus engorda a cada ponto que ingere mais passageiros e é onde começo a observar ( e tentar entender) como se comporta o ser humano no meio "coletivo".
Uma situação me chamou a atenção, fiquei focada, então. Uma mocinha de aproximadamente 25 anos, trajando calça jeans, blusinha colada ao corpo, sandalinha rasteira nos pés e uma bolsinha tímida - mania maldita de mulher, observar detalhes das outras pra saber até quanto ela é superior à outra (homens, não se enganem! Mulher veste-se para outra e isso não quer dizer necessariamente ser homossexual...hahaha) -, mas não foi essa a "curiosa situação" que me chamou atenção. Ela estava paradinha, em pé, segurando-se ao varão do bus, quando um cara se aproximou, aparentemente travado:
- Bora comigo!
- Não, não vou! Já te falei pra me deixar queta! Rai timbora, vai! - (tradução: Vá embora, vá!)
- Então toma essa taça! - (??)
- Num quero não, rái timbóra, me dêxa!
- Essa taça num é nada (....(parte que ouvi, mas não entendi)) do nosso amor!
- Num quero essa taça não! Leva ela pá tu!
- Mas eu te amo! Fica com essa taça!
A bichinha virou a cara pro outro lado e não deu mais atenção pro bofe apaixonado e bebaço. Ele desceu no próximo ponto. Levou a taça embaçada pelas digitais,  provavelmente impregnadas pela gordura do espetinho que ele comeu na noite anterior, ou do churrasco gorduroso da festa de onde vinha, além da baba de mais de uma boca que bebeu apaixonadamente a breja ou Cantina da Serra, enquanto o amor durava.

Nada mais a declarar.